Vinho e espargos há muito que têm uma relação de amor/ódio. Por um lado, são uma ótima fonte de nutrientes e, por outro, não devem ser misturados. Ou deveriam?
É tempo de esquecer a velhinha lista dos “inimigos do vinho”.
Hoje técnicas culinárias e receitas modernas fazem todos os ingredientes - amigos dos vinhos.
Precisas no entanto de:
Gostar do ingrediente;
Gostar do vinho.
Vou dar dois exemplos pessoais.
Não gosto de comer queijo com vinho tinto, nem de sardinhas assadas com vinho branco, logo por muito saboroso que seja o queijo, as sardinhas fresquíssimas e o vinho maravilhoso, eu não vou gostar da reação na minha boca. Se tu pelo contrário aprecias, óptimo!
Como Escanção ao fazer uma recomendação do vinho para a refeição devo colocar o meu gosto pessoal de parte e apenas sustentar a minha sugestão com base nos constituintes do vinho/prato e alguma informação que me foi passada anteriormente pelo cliente – as suas preferências ou o que bebeu da ultima vez. Apenas tem de saber extraordináriamente bem na boca dele e não na minha!
Antes de avançar, possivelmente estás curioso em saber quem são os inimigos do vinho. São eles:
Alcachofras
Alho
Chocolate
Espargos
Espinafres
Ovos
Vinagre
E a lista podia continuar com couves de Bruxelas, queijo, etc.
Decidi escrever sobre este tema porque recentemente num directo no Instagram pediram para sugerir um vinho para espargos e pensei que pudesse ser talvez uma dúvida tua também.
Estou aqui para ajudar pessoas a terem mais prazer e confiança a beber vinho e se for à mesa, conta comigo para o apoio.
Além que descobri que dia 23 de Abril é o Dia Internacional dos Espargos.
Logo nesse dia espreita o meu Instagram vou fazer algumas publicações sobre este tema.
Certamente conheces os espargos brancos de conserva ou os verdes que encontras congelados na secção dos congelados no supermercado. Contudo se já provaste espargos frescos ou mesmo selvagens certamente não os trocas pelos outros.
Os selvagens surgem agora na Primavera depois das primeiras chuvas, junto de sobreiros, oliveiras ou em plena floresta. Vão de uma cor verde escura a violeta e são muito mais seguros de apanhar do que os cogumelos, porém difíceis de ver a olho nu.
É preciso procurá-los no meio da espargueira e saber retirá-los com cuidado. São tenros, carnudos, quando bem cozinhados, isto é, quando menos melhor. São levemente crocantes e de sabor acidulado e dizem os grandes apreciadores “com nuances a noz”.
Harmonização de espargos e vinho
Quando penso em comer espargos, penso em beber vinhos brancos com acidez, das castas Arinto, Alvarinho ou das regiões da Bairrada e Beira Interior. Regra basilar – vinhos brancos sempre sem estágio em madeira.
Os espargos tem alguns compostos que juntamente com o vinho podem resultar na tua boca num sabor estranho, metálico por vezes.
Logo a forma como cozinhas os espargos é muito importante, assim como, se vais adicionar algum molho.
Se és defensor de “espargos nunca com vinho” nesse caso deixa-me confessar a minha heresia… a minha forma favorita de comer espargos é com ovos mexidos!
Bang! Dois inimigos do vinho, ovos e espargos juntos! Esta Escanção é louca!
Acontece que adoro ovos, gosto de espargos e amo vinho branco. O meu cérebro sente prazer, satisfação e por isso gosto da combinação.
Os espargos também podem ser o acompanhamento, por exemplo de um prato de carne. E neste caso são igualmente deliciosos com vinho tinto!
Vamos até à cozinha?
Como referi em cima a melhor forma de cozinhar os espargos é cozinhar pouco.
Podes escolher fazê-los ao vapor ou branquea-los.
Para reduzires o sabor “verde” menos agradável dos espargos, outros dos métodos de confeção é grelhar ou assar ligeiramente. Esta forma de os cozinhar vai torna-los muito “amiguinhos” do vinho branco ou tinto.
À mesa podes optar por comer espargos como entrada ou petisco invariavelmente um vinho branco será uma boa opção. Seja um creme de espargos, com os “meus” ovos mexidos ou um clássico – espargos com molho Holandês.
Também podem ser o prato principal, um Risotto de Espargos por exemplo ou ainda o acompanhamento de uns medalhões de vitela.
Podes continuar com o vinho branco, abrir um rosé para o prato de vitela ou mesmo um tinto de uma casta como a Castelão.
Procura sempre por vinhos pouco ou nada vincados ao estágio em madeira, ou seja, com três, quatro anos de idade e poucos meses em barricas de carvalho, ou mesmo nenhum.
A terminar acredito que podes ter concordado com as minhas sugestões de harmonização ou talvez não. Está tudo bem, deve ser assim mesmo. O meu paladar, ou o de qualquer outro Escanção não é superior ao teu. A minha função é despertar em ti hipóteses de harmonização nunca antes pensadas e convidar-te a experimentar.
Estamos na época dos espargos, vai ser fácil encontra-los à venda nos mercados e comercio local. Escolhe uma receita para cozinha-los e um vinho do teu agrado com base nas minhas sugestões em cima.
Conta-me saber como foi o teu casamento de espargos e vinho nos comentários em baixo. E talvez até possas partilhar a tua de espargos também.
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