Para a maioria dos consumidores conseguir dizer com sinceridade, ao provar um vinho que “gosta” é um grande passo. Agora descrever esse “gostar”… aí é que o desafio começa.
Por outro lado, os profissionais do vinho (Enólogos, Escanções) parecem dominar todo um vocabulário rico em adjectivos, sem qualquer problema, debitam num ápice entre 6 a 8 características enquanto provam um vinho.
Quando ambos se encontram, consumidor e profissional, ocorre muitas das vezes uma falta de entendimento por parte do consumidor de todos aqueles “palavrões”, quando no final todos sabemos que o vinho sabe a vinho, porquê complicar?!
A prova de vinhos é muitas vezes vista como algo apenas ao alcance de pessoas superdotadas, o que não é verdade. Um pouco como tudo na vida, requer treino e perseverança.
Saber provar vinhos é desafiante, pois é muitas vezes um exercício comparativo com o vinho no copo ao lado, ou com o vinho que provamos há sete meses, logo precisamos de ter também uma boa memória. Igualmente importante é formarmos a nossa própria opinião sobre o vinho, bem como de nos divertirmos ao longo do processo.
Há mais de 20 anos que eu ajudo pessoas como tu a terem mais prazer e confiança ao beberem vinho através de cursos e no E-book Provar Vinho Como Um Profissional transmito os fundamentos para despertares e melhorares a tua habilidade em provares vinhos a partir do momento em que o terminares de ler.
Por agora, aqui está uma lista de 5 expressões que a maioria dos consumidores não tem experiência em utilizar, e o que elas significam.
1) “Este vinho mastiga-se”
Quando ouves isto, significa que os taninos são tão fortes que secam totalmente a boca, fazendo com que tenhas “de mastigar” de modo a criar saliva e humedecer a boca. Podes dizer por outras palavras que o vinho é adstringente e que seca a boca.
Os taninos são um constituinte do vinho. Presentes no engaço e películas das uvas, por isso, todos os vinhos vinificados em inox (tintos, rosés e alguns brancos) têm taninos.
Se o vinho estagiar em madeira, terá os taninos desta.
2) “Está fechado”
Diz-se quando ele não mostra o seu potencial, invariavelmente será jovem, demasiado cedo para o beber e que necessita de tempo para evoluir em garrafa.
E tu perguntas “a garrafa está aberta, o que faço?”.
Pois, bem passa o vinho para um decantador, dá-lhe algumas voltas e minutos para o oxigénio potenciar a libertação de aromas.
Na falta de decantador, troca simplesmente os copos na mesa por outros de cálice mais largo e aprecia o vinho após gira-lo no copo.
Verás que agora o vinho “abriu”, tem mais aroma, logo sabor. E tu mais prazer ao bebe-lo.
3) “O vinho é quente”
Já provaste vinho “quente”? Não falo de Mulled Wine, mas sim de vinho que dada a riqueza alcoólica, sente-se literalmente o cheiro dos vapores de álcool, aquecendo igualmente a boca.
O grau alcoólico está relacionado como o açúcar (fructose, sacarose) presente nos bagos no momento da vindima. Quanto mais doces estiverem as uvas, mais álcool o vinho terá.
Vinhos provenientes de regiões quentes, podem da mesma forma dar esta percepção na tua boca, sobretudo se não tiveres por hábito beber bebidas açucaradas.
O facto do vinho ter 14,5% ou mesmo 15% não quer dizer que vá dar a sensação de calor. Se estiver equilibrado com as outras componentes do vinho (acidez e taninos) não vais notar.
4) “É austero”
Neste caso significa que ataca a boca, será um vinho com muita acidez e taninos fortes. Muitas vezes, os grandes vinhos têm essas características quando jovens;
Provavelmente terás de o decantar também para o apreciar e se possível, subir a temperatura 2.ºC.
5) “O vinho é amanteigado”
Este é um termo empregue na descrição da prova de vinhos brancos que fizeram a fermentação malolactica. Habitualmente são vinhos vinificados e/ou estágio em madeira, porém pode acontecer em cubas de inox também.
Um vinho “amanteigado” é um vinho com uma textura cremosa que atinge a língua como se tivéssemos acabado de comer uma torrada com manteiga.
Esta fermentação é, na verdade, a transformação do ácido málico (pungente, amargo) em ácido lático (suave). O resultado não é um vinho com mais grau alcoólico é sim uma redução da acidez geral do vinho. Isto faz com que o vinho se torne menos áspero ao paladar. Os vinhos brancos ganham cremosidade e corpo.
O vinho é uma daquelas coisas que, quanto mais se sabe, mais se tem a consciência que nada se sabe. A oferta de vinhos nunca foi tão diversificada como é hoje, por isso mais do que nunca temos (eu também!) de exercitar nas nossas vidas o hábito de provar/beber vinhos frequentemente.
E como o ano de 2022 a começar, tens a melhor altura para começar novos hábitos, como, provar vinhos diferentes!
Aqui ficam três sugestões de como fazê-lo variando e alargando horizontes:
Embora por tradição, Portugal é um país cujos vinhos são de lote (várias castas), encontras hoje uma oferta alargada de vinhos brancos, rosés e tintos mono-casta. Aventura-te por castas desconhecidas!
Portugal tem 28 Denominações de Origem Controlada e 14 áreas para vinhos Regional. Uma vez por mês, bebe um vinho de uma origem que não te seja frequente escolher.
Tens um vinho favorito? Descobre o Enólogo (ou Enóloga) que o faz e parta à descoberta de outros vinhos feitos pela mesma pessoa.
Mais uma vez, faço o convite para descarregares o E-book gratuito – Provar Vinhos Como Um Profissional.
Seguindo a técnica de prova tradicional e ao prestares atenção ao que provas, após vários “exercícios” ganharás “músculo” para descreveres o que gostas num vinho e muito importante também – o que não gostas.
Assim saberás descrever com toda a facilidade o que queres beber seja no restaurante ou numa garrafeira.
Que outra palavra do vocabulário vínico gostarias que eu explicasse o significado?
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